UMA CRÍTICA À TÉCNICA MODERNA EM HEIDEGGER E HÖLDERLIN

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Marlon Nunes[1]

RESUMO: Pretendemos a possibilidade de uma nova verdade que não seja apenas calculista, racionalista e projetável, mas poética e ecológica. Os conteúdos racionalizados e burocratizados proporcionam o destaque no modo de vida tecnocrático e mantém o status quo, pois: “a técnica funciona”. Considerando que os cálculos e projetos da humanidade transformam tudo em coisas, passamos a analisar este universo coisificado como sendo a única verdade. Expulsamos os poetas, valorizamos o pensar calculista e todo o resto está rapidamente sendo esquecido. Na “Introdução à Metafísica”, Heidegger salienta que o ser no domínio do cálculo torna o ente apto a ser subjugado pela técnica moderna matematicamente estruturada, que se distingue Essencialmente de todo o uso de instrumentos até então conhecido.

PALAVRAS-CHAVE: Crítica. Técnica. Poesia. Tradição. Heidegger. Hölderlin.


1 INTRODUÇÃO


O avanço científico-tecnológico e o consumo são consideravelmente duas das principais características das sociedades contemporâneas. Em conjunto formam as bases das sociedades globalizadas e o sustentáculo da padronização dos modos de vida em todo o mundo. Heidegger (1996) em seu texto “A questão da técnica” discute o poder que a técnica tem de provocar um enorme desencobrimento das riquezas do planeta, constituindo o que podemos chamar de verdade exploradora.

A técnica não é, portanto, um simples meio. A técnica é uma forma de desencobrimento. Levando isso em conta, abre-se diante de nós todo um outro âmbito para a essência da técnica. Trata-se do âmbito do desencobrimento, isto é, da verdade. (HEIDEGGER, 2008, p. 17).

“O desencobrimento, que rege a técnica moderna, é uma exploração que impõe à natureza a pretensão de fornecer energia, capaz de, como tal, ser beneficiada e armazenada.” (HEIDEGGER, 2008, p. 19). O fetichismo proporcionado pela técnica e a magia com que essa essência conduz a atividade produtora da sociedade deixa os homens fascinados pelo poder técnico e inocentemente ainda depositam na técnica a esperança de um mundo melhor.

Seria então a realidade técnico-científica a única verdade (Alétheia)? Estaríamos abertos a experimentar o que ainda não foi experimentado? Nosso trabalho aqui é parte de uma pesquisa sobre o universo técnico-cibernético; crítica à metafísica tradicional através das enunciações de Heidegger e proposição de uma nova verdade que não seja apenas calculista, racionalista e projetável, mas poética e ecológica na perspectiva de Hölderlin citado por Heidegger (2008, p. 37): “Ora, onde mora o perigo, é lá que também cresce o que salva.”



2 NECESSIDADE DE INVESTIGAR A TÉCNICA



Galimberti (2006) em suas análises sobre os textos de Arnold Gehlen, afirma que o homem é um ser biologicamente carente, pois em comparação com qualquer outro animal, o homem necessita de cuidados especiais ao deixar o ventre da mãe: “O animal in-siste num mundo que para ele já está preordenado, ao passo que o homem ex-siste, porque está fora de qualquer pré-ordenação e, por efeito dessa sua ex-sistência, é obrigado a construir para si um mundo”. (GALIMBERTI, 2006, p. 83). Verifica-se então que o sentido da técnica está aí:

[...] em reconhecer para além do ambiente atual um ambiente possível, um ambiente que se desenha não por uma intuição da alma, mas porque a ele conduz a cadeia dos instrumentos construídos um depois do outro, segundo aquela modalidade que, em todos os pontos da série, permite descobrir um outro mundo”. (GALIMBERTI, 2006, p. 91)

Heidegger (1996, P. 167) nos diz que é nesse Ek-sistindo que o homem in-siste em errar. O homem provocou a secularização da técnica e a trata como um ente necessário e superior. Andar com o celular aos ouvidos ou dormir com o Portable On Demand no beiral da cama tornou-se prática ostensiva para a continuidade das funções diárias. O aparato técnico com o seu vigoroso potencial exploratório das matérias-primas e a produção de armamentos atômicos, discutida por Heidegger (1996) em seu texto “Sobre a essência da verdade”, caracterizam a nossa competência para a destruição.

Heidegger (1996) explica que a essência da técnica é um desvelar explorador que transforma o estado real e modifica o meio. Dessa maneira não devemos entender a técnica apenas como a produção de objetos, mas como uma composição ou “arrazoamento” que projeta o real como disponível:

Com-posição, ‘Gestell’, significa a força de reunião daquele por que põe, ou seja, que desafia o homem a des-encobrir o real no modo da dis-posição, como dis-ponibilidade. Com-posição (Gestell) denomina, portanto, o tipo de desencobrimento que rege a técnica moderna [...] (HEIDEGGER, 2008, p. 24).  

O nosso destino, a força encaminhadora do arrazoamento garante a funcionalidade do sistema e as nossas ações são determinadas pelo conteúdo técnico. Os conteúdos racionalizados e burocratizados (técnicos) proporcionam o destaque no modo de vida tecnocrático e mantém o status quo, pois “a técnica funciona” (GALIMBERTI, 2006). Quem estaria disposto a inverter esta ordem? Galimberti (2006, P. 8) salienta que:

[...] a técnica não é mais objeto de uma escolha nossa, pois é o nosso ambiente, onde fins e meios, escopos e idealizações, condutas, ações e paixões, inclusive sonhos e desejos, estão tecnicamente articulados e precisam da técnica para se expressar.

Durante séculos a concretização da técnica (ciência) como forma de transformação da natureza (physis) a partir de adaptações da visão aristotélica de causalidade (material, formal, final e eficiente) consolidando-se com o cartesianismo (cogito ergo sum[2]), o iluminismo e o positivismo coisificaram[3] o mundo e os homens. Como resultado da produção técnica, transformamos tudo em coisas e a principal matéria-prima somos nós mesmos.

Pensar a coisa, como coisa, significa deixar a coisa vigorar e acontecer em sua coisificação, a partir da mundanização de mundo. Pensando, destarte, nós nos deixamos manejar pela vigência mundanizante da coisa. Tornamo-nos, então, no rigoroso sentido da palavra, ‘coisados’, isto é, condicionados pela coisa. Deixamos então, para trás a pretensão de todo ‘incoisado’, isto é, de todo incondicionado pela coisa. (HEIDEGGER, 2008, p. 158) 

Considerando que os cálculos e projetos da humanidade transformam tudo em coisas, passamos a analisar este universo coisificado como sendo a única verdade. Entretanto, precisamos enxergar as coisas não como coisas propriamente ditas, mas pensar o seu sentido. “O primeiro passo na direção dessa vigília é o passo atrás, o passo que passa de um pensamento, apenas, representativo, isto é, explicativo, para o pensamento meditativo, que pensa o sentido”. (HEIDEGGER, 2008, p. 159).

Heidegger (2008) propôs o entendimento do que compõe a técnica e demonstrou que a produção técnica descobre o real como disponibilidade, o que visualizamos hoje como um expressivo desequilíbrio no planeta: “[...] não estamos mais nas origens e sim, ao contrário, no fim. No fim de uma hybris, de uma ‘sobrenaturalização de uma natureza dada’” (JONAS, 2006, p. 334). O coiteiro de Heidegger (2008) continua à disposição da indústria madeireira, dos jornais e revistas que pré-dispõem a opinião pública ao consumo. Movimento que se torna indefinido e aparentemente infinito: quanto mais se produz mais se consome. Nessa perspectiva, o homem é o único ser que se projeta no futuro, produzindo tecnologicamente imaginários irreais ou nos dizeres de Baudrillard (1991, P. 154), hiperreais:

Já não é possível partir do real e fabricar o irreal, o imaginário a partir dos dados do real. O processo será antes o inverso: será o de criar situações descentradas, modelos de simulação e de arranjar maneira de lhes dar as cores do real, do banal, do vivido, de reinventar o real como ficção, precisamente porque ele desapareceu da nossa vida [...] antecipadamente desrealizada, hiper-realizada.

Após décadas das reiterações de Heidegger (1996) sobre a cibernética, tornou-se ritual[4] nos ligarmos aos aparelhos eletrônicos. Somos programados para mantermos os padrões exigidos pelo sistema tecnocrático e consumirmos todos os aparatos de última geração como se isso fosse, metafisicamente, o sustentáculo da vida humana.

O caráter específico desta cientificidade é de natureza cibernética, quer dizer, técnica. Provavelmente desaparecerá a necessidade de questionar a técnica moderna, na mesma medida em que mais decisivamente a técnica marcar e orientar todas as manifestações no Planeta e o posto que o homem nele ocupa. (HEIDEGGER, 1996, p. 97)

Não vemos muitas saídas para relações que se dão no sentido estrito da produção, do consumo e dos interesses. E que se tornam cada vez mais cibernéticas. Estamos inseridos na reprodução do já reproduzido. Estamos programados. O fetiche da técnica e o fetiche do consumo estão interligados. Galimberti (2006) escreve que na falta de sentido é identificável a atmosfera niilista que a técnica difundiu com uma radicalidade que vai bem além da descrição que a filosofia faz dessa figura. E Baudrillard (1991, P. 200), inspirado em Nietzsche (2009) afirma que:

Mas é aí que as coisas se tornam insolúveis. Pois a este niilismo activo da radicalidade, o sistema opõe o seu, o niilismo da neutralização. O sistema é ele também niilista, no sentido em que tem o poder para reverter tudo, inclusivamente o que ele nega, na indiferença.

Estamos agora no mesmo nível dos objetos, das coisas, dos programas, dos cálculos, das engrenagens, das máquinas, ou seja, dos objetivos do sistema. Somos o sistema, somos a finalidade, somos o Fim. “No crepúsculo, tudo, isto é, o ente na totalidade da verdade da metafísica, encaminha-se para o fim” (HEIDEGGER, 2008, p. 63). O sistema se aproveita dessa condição sendo indiferente porque é isso que interessa para ele. Já não somos apenas alienados, mas nos identificamos com o sistema.
               
Produção, consumo e programação são sinônimos da falta de sentido tanto quanto da morte para a existência da vida na Terra[5]. Expulsamos os poetas, valorizamos o pensar calculista e todo o resto está rapidamente sendo esquecido. Na “Introdução à Metafísica”, Heidegger (1999) salienta que o ser no domínio do cálculo torna o ente apto a ser subjugado pela técnica moderna matematicamente estruturada, que se distingue Essencialmente de todo o uso de instrumentos até então conhecido. “Enquanto imperar este estado de coisas, jamais poderemos considerar com atenção que e em que medida o poetar funda-se no pensar da lembrança” (HEIDEGGER, 2008, p. 118). Funda-se no pensar da musa das musas, a memória: Mnemosyne. Por isso a técnica deve continuar sendo pensada.

  
3 A SAÍDA DE HEIDEGGER, A POESIA DE HÖLDERLIN


É preciso entender a extensão da noção de poesia para Heidegger (1996), considerando a poesia do poeta suábio. Heidegger (1996) sempre refere-se à poesia no sentido amplo do termo alemão Dichtung (fabular, aproximar, juntar). Segundo Werle (2005), esse termo ultrapassa o limite da própria arte, constituindo uma crítica à noção moderna de técnica. Ainda segundo Werle (2005) Heidegger (1996) considera Hölderlin, “o poeta dos poetas”. A partir da existência humana Hölderlin captaria a essência da poesia e assim transmitiria sua mensagem para o povo. A poesia relaciona-se com a existência humana e historicamente busca a identidade do mundo moderno.

A questão da verdade do ser está diretamente ligada à poesia, pois, ela seria uma maneira de desvincular-se das categorias da metafísica tradicional. A poesia é uma maneira de escutar os deuses. Segundo Werle (2005, p. 38) “[...] temos a possibilidade de uma abertura do ser, uma vez que ele encontrou uma potência criadora receptiva para acolhê-lo”. A poesia é a verdade do próprio fundamento. O discurso poético procura combinar e diferenciar: a distância e a proximidade, o estranho e o próprio para que o ser histórico de um povo possa ser pensado em toda a sua extensão. Heidegger (1996) tenta assim mostrar o âmbito e os aspectos de um novo pensamento, “o outro começo”.

Talvez nem seja por culpa do poema que já não sentimos qualquer poder nele, mas sim pela nossa, que perdemos a capacidade de experimentá-lo, porque o nosso ser-aí se encontra enredado numa trivialidade pela qual é expulso de qualquer esfera de poder da arte. (HEIDEGGER, s/d, p. 28).

É preciso que saiamos da trivialidade, do costume da tradição metafísica ocidental. “Continua a ser decisivo o facto que a poesia é concebida como expressão da alma e da sua vivência” (HEIDEGGER, s/d, p. 34). O poetar liberta-nos dos males feitos pela história científica que transformou-nos em armas, em máquinas reprodutoras da repetição cotidiana, semanal, mensal, anual [...] Tudo não passa de uma construção imposta, à qual estamos submetidos e presos. Não sonhamos com o novo no seu sentido original, homérico.


Heidegger (s/d, P. 37) cita o poema “Como quando em dia santo” de Hölderlin, para exemplificar a relação da poesia com algo maior, Deus:

Nós devemos, porém, estar sob as tempestades de Deus
Ó poetas! De cabeça descoberta
Agarrar o raio do pai com a própria mão
E oferecer ao povo, envolta na canção,
A dádiva celestial.

Esta é a função do poeta, demonstrar a relação natural do homem com a natureza, sendo que o homem não é diferente dessa, mas parte integrante e que deve viver em plena harmonia, celebrando o Ser e todos os outros entes que nos formam. A poesia proporciona a emancipação do homem diante às enfermidades causadas pelo desenvolvimento exacerbadamente técnico. Maneira sutil de contrapor a produção tecnológica e o seu impiedoso consumo da alma. Segundo Heidegger (s/d, P. 39), “[...] o poeta é o fundador do ser. Assim, o que chamamos real no nosso dia-a-dia acaba por ser o irreal”. Hoje o real e o irreal se fundem na hiperrealidade.

Por mais que estejamos expulsos do habitar poético ainda somos homens e povos. O homem como a poesia está cheio de ambivalências: é e não é, está cheio e vazio, é bom e mau etc. A poesia de Hölderlin, segundo Heidegger (s/d, P. 42) não pertence aos méritos e aos progressos culturais, já que ele diz:

Cheio de mérito, mas poeticamente, habita
O homem esta Terra.

Em relação a isso Heidegger (s/d) salienta que o homem está orgulhoso de seus feitos produtivos e sente-se cheio de méritos, mas tudo isso não diz respeito à forma do homem habitar a Terra (Heidegger, S/D, P. 42). Os feitos científicos, os conteúdos racionalizados, o desenvolvimento tecnológico não são maneiras decisivas de habitar a Terra:

Nas ciências, pelo contrário, tal como noutras coisas, o que conta é apreendermos de forma imediata o que é dito. Todavia, para catarmos simultaneamente o essencial no dizer, não podemos balbuciar desordenadamente alhos e bugalhos; antes, tal dizer requer da Filosofia um rigor do pensamento e da terminologia que as ciências nunca atingem e de que não necessitam. (HEIDEGGER, S/D, p. 48).
           
Pelos resultados metafísicos, científicos, técnicos, tecnológicos é que o ser-aí, agora, pertence aos poetas, pensadores, fundadores e criadores de um outro começo. A poesia emancipa diante às imposições da tradição. A poesia salva do perigo técnico-industrial, virtual e hiperreal.



4 REFERÊNCIAS


BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio D'Água, 1991. 201 p.

BAUDRILLARD, Jean. A sociedade de consumo. Rio de Janeiro: Elfos, 1995.

CASANOVA, Marco Antônio. Compreender Heidegger. Petrópolis: Vozes, 2009.

DESCARTES, René. Discurso do Método: Meditações. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2008.

GALIMBERTI, Umberto. Psiche e Techne: o homem na idade da técnica. São Paulo: Paulus, 2006.


NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. A genealogia da moral: texto integral. 3. ed. São Paulo: Escala, 2009.


HEIDEGGER, Martin. Ensaios e conferências. 5. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Ed. Universitária São Francisco, 2008. 269 p.

HEIDEGGER, Martin. Conferências e escritos filosóficos. São Paulo: Nova Cultural, 1996. 304 p.


HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. 2. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Ed. Universitária São Francisco, 2007. 598 p.

HEIDEGGER, Martin. Introdução à metafísica. 4. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1999.

HEIDEGGER, Martin. Hinos de Hölderlin. [S.l]: Instituto Piaget. S/D.

HUSSERL, Edmund. Investigações lógicas. São Paulo: Nova Cultural, 1996.

JONAS, Hans. O princípio responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização tecnológica. Rio de Janeiro: Contraponto: PUC-Rio, 2006.

LEFRANC, Jean. Compreender Nietzsche. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.

WERLE, Marco Aurélio. Poesia e pensamento em Hölderlin e Heidegger. São Paulo: Editora UNESP, 2005.




[1] Bacharel licenciado em Geografia pela PUC Minas. Mestrando em Estudos de Linguagens com ênfase em processos discursivos e tecnologia pelo CEFET-MG.
[2] Primeira parte, Segunda parte e Terceira parte, In: DESCARTES. Discurso do Método: Meditações. 2. ed. São Paulo: Martin Claret, 2008, pp. 21-26.
[3] Galimberti, U. Psiche e techne – o homem na idade da técnica, São Paulo: Paulus, p. 356, 2006.
[4] Rituais que potencializam ainda mais a ideia da disponibilidade técnica e representam de outra maneira o que Heidegger escreveu sobre os jornais e as revistas de sua época.
[5] Weber, Marcuse e Severino, In: Galimberti, U. Psiche e techne – o homem na idade da técnica, São Paulo: Paulus, pp. 485-492, 2006.

ALEXANDRINA

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O coração que carrega é uma montanha
Correntes a trancam
Sua coragem é pouco tamanha
Gramíneas o cercam

Ainda que tardio seja
Rasgo aquelas folhas
Estética é o que almeja
Compreendo sua escolha

Onde tentei dizer
Utilizo a ponta do cinzel
O quanto convencer?

Auxílio do arcanjo
Anagrama complexo
Assear nosso canto

Marlon Nunes
28 de novembro de 2011