O DESCANSO

Parece uma festinha de criança
adocicada e singela
uma espécie de orquídea
dos vales mais profundos
e umedecidos
mas na caminhada pelos montes
a dor se faz e desfaz
quando ao fim se descobre
o mais sublime dos sentimentos
o olhar contínuo para o horizonte
fixa a ideia de que talvez
possa ainda, te sentir por dentro
de uma cúpula onde
estaríamos presos
e sem pensar em nada
veríamos o mundo apenas
pela transparência dos vidros
e pela camada mucosa
que faz e "trans" faz
pela globalização de nossas razões
e pela vontade despercebida de continuar
a atrasar o tempo
para vivermos mais e intensamente
todos os desejos de felicidade
e prazer
que encontramos no conhecer
a nós mesmos
em poucos instantes
de transcendência inóspita
entre murmúrios de dor e prazer
as ondas da T.V, as músicas joviais
e os jogos de amor
se deixam levar para as maiores distâncias
que nenhuma escala geográfica possa desvendar
o fim eterno de seu pomo adormecido
e seu peito entre o meu
ceifeiro de dores e amores
meio a meio
sem completude
a de se chegar ainda a algum lugar
ou caminhar até que nossas pernas não aguentem mais
e a barba cresça
e os olhos vejam as trêmulas mãos
sentados em redes nas varandas e garrafas
a beira mar
cheirar seu cabelo
e aromatizar meu coração
nada mais desejo
somente descansar...

Marlon Nunes

1 comentários:

Unknown disse...

Dá-lhe Chê GueMarlon... susplícios poéticos expostos ao mundo virtual agora ein...
vlw