Trezentos e sessenta e cinco dias

Passou-se um ano
Passaram-se as horas
Viveram momentos
E continuaram andando

Na direção do amar
Cada segundo é especial
Complacência e solidariedade
Palavras trocadas ao entardecer

Os filhos pobres e miseráveis
Divina lealdade, um dragão alado
Encontram-se as melhores almas
Consomem-nos as labaredas

Dentro dos hospitais continuam as músicas
Salvando-nos das mazelas familiares
Não há fatos, mas interpretações
O quarto bagunçado, as roupas jogadas



Devido o cansaço do trabalho
Abaixo do sol do verão
O papelão esticado no chão
A mente estressada pela educação

A Hybris do Cáucaso, o excesso
Pois, não há aqui conformação
O fogo de Prometeu
Altas taxas de marginalização

Eles encontram-se nos condomínios
Um exército de pílulas
Restaurantes sofisticados
A coletividade sem um grão

Neuroses domésticas trocadas
No furor da paixão
O voto de pobreza
Zombado pelo espírito pequeno capitalizado

O que diria cristo disso?
Uma central de abastecimento
Os alimentos não comercializados
Corpos degradados misturam-se ao resto apodrecido



Carros carregados por assassinos sujos de sangue
Misturam-se aos inocentes
Escorpiões por entre as tábuas
A vontade presa nas cores de Almodóvar

As paredes pichadas pela necessidade de expressar
Com toda a opressão
Enxergamos nossas necessidades
Ensaiamos a cegueira

Como Sara e os magos da Idade Média
As trombetas soam sutilmente
Anunciando a chegada da paz
Ainda que você morra, viverá

O desafio de Deus nos trouxe
Um ao outro, agora, numa só verdade
Pensamos juntos, discutimos juntos
O discurso e o amor

Deitaremos na areia dos mares
E ditaremos a força das ondas
A direção dos Alísios...

Marlon Nunes

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