Minha Rainha Gardênia

Há um ano vim a escutá-la
Há um mês, vê-la e tocá-la
Seus dedos longos e finos
Tocam as notas

Delicados percorrem as mais longas distâncias
Pelo corpo esbelto e sadio
Cumpro religiosamente as nossas promessas
Abandono todas as coisas

Lambe várias vezes os dedos
Tamanho o espírito
Gardênio, e como planejado a descubro
De suas vestes, resta a pele

Educado para a Guerra
A donzela para o descanso
Agora é suficientemente forte
Para andar junto a mim

A soma e a substância
O som e o ouvido
Escutam os delírios
Graciosos e perceptivos

Em doses cavalares
Tudo vai aumentando
O prazer, o desejo, a vontade
E mais tarde

Naqueles momentos antes do sol se por
Ou durante os póstumos
Seguiremos juntos até o alvorecer
De todos os astros

E sempre poderei ver
Anjo dos sortilégios negativos
Proteja-nos dos empreendimentos malignos
A fortuna do amor nos aliviará

Seus cheiros, suas entranhas
Seu sangue, minha língua
Anoitecer assim sobre a garoa fria
E sentir sua alma


O Espírito superior volta
Como as notas que saem de sua boca
A força que me trazes
Ergue a minha espada

E as mortes deixadas pelo caminho
Impuseram-me o presságio
De uma nova Terra
Onde você, Donzela

Segue o caminho da exatidão
Retilínea. A Rainha desejada e amada
Ninfa Moura, traz de onde vem eloquência
E um velho lenço de linho nos cobre

Quiseram um dia o regicídio
E os ladrões se perderam pelo caminho
Mas o Rei voltou
E reergueu seu império

Graças à sua Majestade, a Rainha
Cantando ao pé do ouvido
Enrijece para as novas batalhas
E tocando-o suavemente, descansa

Dos seus ombros
Carrega a dor
Dos seus lábios
A melancolia

Do fronte a paisagem da partida
E tais emblemas
Sucumbem o florescer de uma nova era

Um novo reinado
Merecido é o descanso por entre seus braços

Rainha


Marlon Nunes
27 de dezembro de 2009

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